quinta-feira, 16 de maio de 2019

PRIVATIZAÇÃO, OU DESASTRE?



Descarrilamento da Rumo em São Vicente-SP.
Todos sabem nos dias de hoje que privatizar significa que o governo, em determinado momento, resolve transferir serviços ou empresas que inicialmente são patrimônio público, ou seja, estão sob propriedade do Estado e têm o erário como suporte financeiro, para as mãos de particulares. Essa prática se tornou comum no Brasil nas últimas décadas, em especial após a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Àquela época, como ocorre atualmente, a justificativa é que a empresa sob o controle estatal causaria prejuízos econômicos ao Estado em virtude da burocracia, ineficácia da máquina pública e, especialmente, devido a corrupção. Será?
Há muita discussão a esse respeito, mas os resultados, quase trinta anos depois da onda privatizatória tem provado que não é bem assim. Fatos como as rupturas das barragens de rejeitos em Mariana e Brumadinho, ambas da Vale do Rio Doce em Minas Gerais, tornam inequívoco que quando uma empresa é privatizada seu compromisso – e não poderia ser diferente no capitalismo selvagem em que vivemos – é apenas e unicamente o lucro.
Não importam os funcionários, nem a preservação ambiental; o foco é apenas o vil metal. Nem que para isso seja necessário matar pessoas, rios, contaminar lagos, lençol freático, a atmosfera, destruir fauna, flora; em alguns casos até cidades inteiras como vimos em Mariana.
Hoje os trilhos paulistanos foram uma nova vítima do desvario rentista do empresariado que arrenda empresas ou serviços que, outrora eram públicos. A RUMO, maior empresa ferradoária do país, protagonizou um descarrilamento na cidade de São Vicente. Pelo menos quatorze vagões saíram dos trilhos e desperdiçaram mais de mil toneladas de soja, de acordo com reportagem do portal G1 (https://glo.bo/30s66NZ).
Mais de mil toneladas de soja se perderam.
Vale ressaltar ainda que, a exemplo do que dissemos acima, que empresas têm compromisso apenas com o lucro, a citada Concessionária Ferradoária é pródiga em desrespeitar relação a preservação ambiental; tanto que em matéria recente do Jornal Folha de São Paulo (https://bit.ly/2IGCAhT) veio a público que foi necessária a aquisição de ações por índios Guaranis para que, uma vez acionistas da empresa, pudessem ter voz em suas reuniões e assim denunciar aos demais acionistas o descumprimento de obrigações compensatórias da empresa nos trechos em que administra.
A essa altura se impõe a reiteração da pergunta: Será que privatização faz mesmo bem? A quem?
Certamente aos acionistas majoritários, regiamente remunerados com lucros obtidos através da exploração desregrada de recursos naturais, vidas humanas e da destruição cultural e social como a havida nas cidades mineiras destruídas pela Vale do Rio Doce e pelos índios, agora acionistas, da ferroviária Rumo. Alguém acredita que o Ferrorama ChuPeTrêMico terá destino melhor após alguns anos de privatização?
Fato é, entretanto, que alguns loucos vão gritando para o abismo, os ferradoários, ao contrário, parecem estar indo em silêncio mesmo para o abismo e para o desastre da privatização.

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