quarta-feira, 16 de junho de 2021

EICHIMANN EM JERUSALEM OU A VOLTA DA SÃO PAULO RAILWAY

 

Amigo leitor o Ferrorama do Estado dos Bandeirantes vive um momento funesto entre seus “colaboradores”. Há entre os Ferradoários, a cada dia mais ferrados, presságios de dias e noites terríveis com a iminência da terceirização das Líbias; a começar pelas Líbias Diabos-aos-Montes e a do Hulk, a Gigante Esmeralda que estão na iminência de serem entregues até o fim de 2020.

Reajuste Salarial não há perspectiva de ocorrer, aposentados têm sido demitidos a torto e a direito e o Plano de Demissão Incentivado não tem incentivo algum, o que se enxerga num horizonte próximo é o fim do Ferrorama. Aqueles que não forem para a rua agora não têm segurança alguma e, se ficarem, terão que amargar outra jornada, só que, nesse caso, se deslocando para outro extremo da cidade para, em troca de salário, garantir a continuidade da humilhação nos trilhos do Ferrorama.

As Líbias Se-Transfira e Cobra-Coral já têm Edital sendo preparado por alguma CCR. Advinhem quem vai arrematar esse lote?

Só não ocorrerá uma transferência direta as Líbias da Marquesa e Roubi, pois não foram achados os documentos que transferiam da Empresa Santos-Jundiaí e, desta, para a REFESA, tampouco da REFESA para São Paulo. Quem é o dono dessa bomba?

Logo alguém convida os ingleses a reassumir a Estrada de Ferro que era de Mauá. Seria a volta da São Paulo Railway. A ChuPeTreM é isso, uma casa da mãe Joana, ou um Sai de Baixo, porque, como dizem, o bagulho é louco.

Bom, o leitor pode estar se questionando o que tem a ver o livro da filósofa Hannah Arendt com essa bagunça toda que é o Ferrorama Paulistano. É que diante dessa bagunça o livro da filósofa surgiu na memória desse comentarista como uma referência que explica o fim dessa empresa vital. No livro Arendt narra como Adolf Eichimann, considerado um nazista sanguinário, que teria planejado o morticínio de milhares de judeus e foi preso pelo Mossad, mais ou menos uma CIA de Israel, levado e julgado em Jerusalem pelo judiciário judeu em um midiático evento. Primeiro que o esperado monstro, frio e sanguinário que era esperado, nunca foi avistado. Em seu lugar se verificou que Adolf Eichimann era um homenzinho simples, honesto, obediente; um sujeito subalterno e obediente que, em sua defesa, alegava que apenas estava cumprindo ordens.

No livro, recomendável a todos, Arendt nos leva a entender que, através da burocratização da relações e da submissão dos homens comuns às ordens que emanam das autoridades, muitas vezes Chefes e Chifres como vários que vemos na ChuPeTreM, e considerando que estes últimos não passam, eles também, de homenzinhos, banalizamos o mal e seus efeitos pela negação e assumir postura crítica e responsável por nossos atos, como se os mandatários fossem os “verdadeiros responsáveis” pelo mal que cometemos ao cumprir ordens honestamente. O processo social de convivência gera sujeitos medíocres que, furtados passivamente de seu raciocínio crítico, ávidos por ordens que lhes garantam inclusão e, incapazes de ligar os pontos e vislumbrar o mal que cometem cotidianamente com suas omissões e com sua cumplicidade dócil, são a própria encarnação do mal. Algozes e também vítimas da própria incapacidade de erguer a cabeça e ser melhores que meros peões no tabuleiro de xadrez da sociedade, matáveis e matadores de seus iguais.

O mal não é algo demoníaco, exercido por uma entidade Dantesca que condena as pessoas a círculos diferentes conforme seus “pecados”. O mal, esse nosso conhecido diário e banal é praticado nas omissões e nos individualismos e o que se vê por ora no moribundo ferrorama não é produto da ação nazista de um partido político, ou de algum füher; mesmo que este tenha alcançado o êxito de promover uma ditadura eleita democraticamente por mais de duas décadas no Estado. O que se vê é produto na sujeição dos peões e das pessoas em geral à lógica de que os chefes, ou o gerente ou o governador sabem o que é melhor para a vida dos governados, mesmo que, por melhor, entenda-se a condenação à câmara de gás.

Nem isso será o fim dos Ferradoários, sua morte é por asfixia, nem gás lhes será concedido. E se procuram um responsável por isso é fácil; basta se olhar no espelho. Foi a submissão à burocracia, a covardia e a acomodação que fizeram com que chegassem a isso. Eichimann ou os Ferradoários Julgados em Jerusalem ou em São Paulo mesmo, servidores medíocres, queixosos e lamurientos, que procuram responsáveis externos pela desgraça que sua omissão e covardia precipitou a si mesmo. Devolvam aos ingleses, talvez eles tenham algo melhor a fazer com o Ferrorama.



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