sábado, 9 de maio de 2020

FERRADOÁRIO NÃO É GENTE


Amigo leitor, o Brazil, grafado com “Z”, quer matar o Brasil escrito com “S”. Acontece, caro leitor, que existem pelo menos dois Brasis, um é esse que conhecemos, com gente morando e morrendo na rua, que tem pessoas morando em palafitas e barracos, sem água e sem esgoto, um país cujo povo trabalha para receber o bastante para pagar o aluguel e comprar comida. Mas tem outro, esse é o que está assistindo Streaming, comprando comida pronta por telefone, e preocupado com o preço do dólar e com as ações cujo valor caem nas bolsas de valores que sofrem com as oscilações da economia ao mesmo tempo em que centenas de pessoas morrem por hora no mundo em virtude da pandemia.
A verdade é que há, no povo brasileiro, um limite intelectual. Assim como crianças a maioria de nós só consegue acreditar no que os olhos veem. Só acredita na existência de mortos quando está diante dos cadáveres, mas o vírus, tão invisível quanto a empatia do brasileiro, só podemos conhecer a partir de seus efeitos.
Nesse sábado, quando o número de mortes oficialmente reconhecidas em decorrência pelo Coronavírus passa de dez mil, os jornais e a internet discutem a infantilidade do verme que foi eleito para o cargo mais importante do país, o de presidente, que sem o menor respeito pela população desdenha das vítimas e cria todo tipo de situação que poderemos qualificar como diversionista para tirar o foco de sua incompetência e atrapalhar aqueles que, por divergir de suas ideias, tentam salvar a vida dos pobres e miseráveis que são os verdadeiros responsáveis pela riqueza produzida não nesse, mas em qualquer país.
O problema do Bolsonaro é que ele não está sozinho, ele não é único, antes, representa um homem vulgar, comum, do tipo que podemos facilmente encontrar em qualquer quarteirão de qualquer cidade do país. Ele é machista, presunçoso, grosseiro e, apesar da inequívoca ignorância na maioria dos temas que está envolvido, ao invés de se aproveitar do direito de ser assessorado sai, como uma vaca no pasto, evacuando verborragicamente por onde anda.
Como ele não está só, aliás, tem milhões de imbecis que fazem eco para suas falas mesquinhas e desqualificadas, a crise que ora enfrentamos se torna ainda pior e, eles, os imbecis de plantão, colocam na mão de pessoas tão comuns e medíocres quanto a decisão que deveria ser médica. Agora, até no Estado Bandeirante, cujo desGoverno do PSDBosta que é historicamente ditatorial e arbitrário, mas que apesar disse adotou a iniciativa que o mundo inteiro adotara antes, isto é, mandar a população ficar em casa tem, como sempre, pesos e medidas diferentes para gerenciar a vida. Na TV a ordem é fique em casa, na ChuPeTreM, a ideia é fazer o ferradoário, dotado como é de informações para decidir, assumir a responsabilidade pelo próprio risco de morte e assinar um termo pedindo, isso mesmo; pedindo para voltar a trabalhar.
Os trens do Ferrorama estão diariamente, batendo lata, e o serviço dessa empresa vital está na normalidade, mas os chifres, Bolsonaros locais, estúpidos, presunçosos, autoritários; verdadeiros lunáticos com mania de grandeza, preferem pôr em risco o que chamamos de Escraviários. E que as mortes comecem, porque gente, no Brasil dos imbecis não vale nada, e Ferradoário parece que, pra esses chifres que se destacam pelo que deveria ser vergonhoso, nem é gente.
O Brazil que compra comida pronta no Ifood e assiste Netflix, parece, quer que o Brasil que entrega de moto a comida, e assiste TV aberta, morra e seja enterrado para servir docilmente às Metrópoles e continue sendo colônia.


Nenhum comentário: