domingo, 22 de março de 2020

O VÍRUS QUE MATA É A BURGUESIA

Não nos param...

A imprensa noticiou no meio da semana passada a morte de uma senhora de 63 anos por Covid-19 ontem no Rio de Janeiro (https://is.gd/q0sL07). Empregada doméstica, ela teve contato com a patroa que chegara da Itália e tinha resultado positivo para a nova doença. Não podemos afirmar, mas chama atenção que a empregada, devido estar enquadrada no Grupo de Risco, não tenha sido liberada de trabalhar em função da preservação de sua saúde e, como mais tarde se mostraria concreto, em função da preservação de sua vida.
A demora do governo do Bozo, responsável pelo Estado e pelo contingente populacional do país em suspender os transportes custará caro em vidas. Mas, ao que parece, não lhe causa espécie o preço a pagar, pois, seu compromisso, assim como da maioria dos neoliberais eleitos, é o lucro da iniciativa privada.
A exemplo do que já se viu na China, foco inicial dessa doença, e depois na Europa, especialmente na Itália; o ineditismo desse vírus para as equipes profissionais e para as defesas naturais do corpo humano tornam inviável a manutenção da vida normal, pois, o vírus, tem o potencial de acelerar processos mortais, particularmente entre pessoas cuja condição médica seja debilitada por outras doenças. Será que há dificuldade em fazer uma transposição simples dos efeitos desse vírus em nossas terras?
O que matará muitas das vítimas do Covid-19 em nossas terras não será o vírus, mas a mesquinharia da burguesia que não renuncia ao lucro, mesmo diante da morte; mesmo à beira de uma ataque coletivo de pânico diante de uma situação quase apocalíptica, posto que se verifica uma crise sem precedentes no orbe terrestre. Além disso, após a crise política da qual o país não se recuperou, o compromisso adotado pelo Estado Brasileiro foi honrar a dívida com banqueiros, tanto tupiniquins quanto do exterior, às custas da redução de investimentos em saúde, infraestrutura, moradia e saneamento a uma população historicamente precarizada e excluída de direitos básicos como moradia, alimentação e educação.
A comiseração das pseudo autoridades, a esta que lhes redige, não ilude. Adiam, não apenas em parar ChuPeTreMs e ônibus, portos e aeroportos, mas em restringir a circulação da classe operária por considerar desimportante a vida desses, em consequência os velhos, que oneram na visão dos burgueses os gastos de previdência, e podem ser contaminados pelas pessoas da família em idade economicamente ativa que precisam continuar a trabalhar. Esquecem-se, e isso é fato, que a burguesia é quem mais pode morrer, posto que os mais ricos são agora também os mais velhos, afinal duram muito devido a boa alimentação e acesso a médicos.
querem nos matar!?
Nesse período em que tende a ser mais terrível para os mais pobres, a classe operária e os eternos desempregados do Brasil, fica evidente a incompetência de direita e esquerda, ambos roubam, mas nenhum fez de fato o trabalho de dar cidadania ao povo. E os socialistas, ou supostos socialistas, não alcançaram sucesso em dialogar e preparar a população, afinal é inequívoca a diferença das dificuldades que enfrentarão de acordo com a posição ocupada por cada um na luta de classes.
Mesmo que o Corona derrubasse o capitalismo não aproveitariam em nada para fazer a sonhada revolução.
Resta por fim reiterar uma frase de Nelson Rodrigues, atribuída ao jornalista Otto Lara Resende: “o mineiro só é solidário no câncer”. Solidário não por piedade, nem empatia, mas generoso na exata medida em que se regozija que a morte não seja a própria, mas do outro.
Essa pandemia diz mais sobre nós, enquanto nação, do que do vírus, propriamente dito.

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