sexta-feira, 14 de junho de 2019

LUMPESINATO DORMENTE SUSTENTA OS GRILHÕES NA DEMOCRACIA


Hoje, 14 de Junho de 2019, a República das Bananas acordou como sempre, mas dificilmente algum “bananeiro” despertou indiferente à Greve Geral planejada há mais de um mês. A verdade, entretanto, é que a vida começou nessa sexta-feira como ocorre na maioria dos dias, aparentemente em paz na maior parte das cidades brasileiras.
Há, entretanto, um dia incomum nas grandes cidades, nelas o transporte, senão totalmente, em grande parte parou, bancos estão fechados, escolas não estão funcionando e a vida hoje transcorre diferente. Para uns é folga extra, para pessoas de setores mais conscientes e organizados é dia de luta, exceto para aquelas pessoas que, na sociologia do filósofo Karl Marx (1818-1883), são considerados lumpesinato.
Apesar dos Lúmpens a luta aparece.
Para Marx era bem evidente, lá no início do capitalismo, período em que os artesãos perdem o controle da produção e essa passa a ser feita em maior escala, que havia já no século XIX setores da sociedade que não ascendiam à luta de classes, isto é, não compreendiam o processo político e histórico da vida em sociedade e o quanto há de desigualdade econômica nas diversas nações, outrora em função da separação entre plebe e nobreza e, desde as revoluções industrial e francesa, entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores assalariados, estes últimos donos, apenas, da própria força de trabalho, ou seja, do uso do corpo e de seu aluguel através de empregos para conseguir dinheiro.
Nessa segunda classe, o chamado proletariado, isto é, a camada social que vive de salário, em todos os lugares conhecidos a camada social numericamente maior, duas categorias vão se mostrar antagônicas no teatro de operações do capital. De um lado setores mais desenvolvidos intelectualmente, entenderão melhor o processo político e a organização da sociedade tendo por base o enriquecimento de uns poucos através da exploração da maioria e, de outro, uma subcategoria, um segmento dessa classe, em geral formada por miseráveis, prostitutas e marginais, que o filósofo denominou como lumpemproletariado.
 Essa categoria ficaria, segundo a teoria marxista, abaixo do proletariado. Nesse grupo estariam a miséria material e também uma parcela expressiva da população assalariada desprovida de consciência política, portanto, suscetíveis de servir aos interesses do proletariado. Em tradução ao pé da letra significa os lúmpens seriam os “homens trapo”, e podemos considerar esse grupo como pernicioso, pois seu cinismo e sua falta de valores respondem pelo atraso social ao promover a divisão das classes laboriosas, isto é, em detrimento dos interesses coletivos visam manter suas migalhas e assim perpetuam a dominação, são homens trapo que não desejam sequer ascender a uma vida melhor.
Dito tudo isso podemos por ora lamentar o quanto essa categoria; o lumpesinato fura-greve, presente em todos os sistemas capitalistas, se multiplica como ratos em terras bananeiras. No país de maior desigualdade social e de distribuição de renda, o lumpemproletariado trabalha contra o estado de bem-estar social furando greves e se arvorando em bravatas falaciosas e estúpidas que sossegam apenas sua consciência medíocre, senão dormente. Escravos livres, agrilhoados em sua covardia; nisso reside a contradição, senão de todas, dessa democracia.

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