Os ares na outrora pujante ChuPeTreM não andam
lá muito viçosos! Após longínquas décadas sob a égide estatal, eis que a
empresa, em um lance de engenharia societária, vê-se esmiuçada e distribuída
por meio de diversas concessões, que, na prática, ostentam personalidades
jurídicas distintas, embora provenientes do mesmo tronco. A situação é de tal
jaez que até mesmo entre os sequazes históricos do poder no Ferrorama, aqueles
humildes servidores, amiúde modestos em dignidade e na liderança que deveriam
exercer, grassa um desalento profissional palpável.
Tem sido objeto de discretos sorrisos um certo
figurão diminuto que encontra repouso nas margens de um caudal melancólico.
Faustinho, o chefe de ébano, confidenciou a alguns de seus convivas que o
aludido "Zinho" encontra-se perturbado, ansioso quanto ao seu futuro
laboral, pois, em perdendo o posto, perderá, ipso facto, seu padrão de vida,
não mais logrando conciliar o sono, lamentou-se ao chefe melanodérmico que,
quiçá, terá de alienar seu veículo automotor. E, para mitigar o pânico, que
parece exibir uma relação inversamente proporcional à estatura do pequeno
notável, a ordem é portar consigo bilhetes de papel, expondo-se à abordagem da
plebe para oferecer auxílio com sacolas, por vezes maiores que o próprio indivíduo,
provendo informações e, se necessário for, prestando-se como um humilde
capacho, tudo culminando na entrega do número telefônico do serviço de
atendimento ao usuário, com o fito de receber encômios.
Na impossibilidade de exercer o papel de lacaio
na hierarquia do Ferrorama, haja vista a rarefação de chefias após as
reiteradas dispensas, o Zinho, destituído de alternativa em sua missão de
adular, volta suas atenções à massa anônima. Tanto assim que as imediações do
Ribeirão se tornaram o Estacionamento mais citado no "Disk 100" da
ChuPeTreM.
Nutre-se a expectativa de que as menções
honrosas, obtidas por meio de manipulação e lisonja da turba, venham a
preservar seu emprego.
Os "Escravacionais" atendem às
solicitações, pois, convenhamos, com um indivíduo em estado de exaltação,
melhor não contrariar, mas, pelas costas, divertem-se com as peculiaridades do
"Chifre Geraldo" do Estacionamento, curvando-se, obviamente, para que
o pequeno líder não ouça e, consequentemente, não os importune, como aliás sempre
fez e, decerto, sente muita falta de fazê-lo. Seria necessária imensa
quantidade de papel para higienizar as fezes que o Zinho sempre produziu no
Ferrorama, mas por ora ele o usa para auferir lisonjas e promover troça até
entre seus comensais.
Pior ainda é que nem mesmo periódicos são
vendidos hodiernamente, pobre Zinho! Caso contrário, poderia tornar-se um
distribuidor de algum panfleto oposicionista de viés conservador, dos mesmos
empresários que ora adquirem o Ferrorama e o relegam à via crucis, afinal, o
ofício de "papeleiro" ele já aprendeu a exercer. Aliás, sempre o fez,
pois atuava como arauto de advertências e suspensões, portando documentos de
despacho para lá e para cá e solicitando justificativas aos
"Escravacionais".
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Haverá papel suficiente para que Zinho limpe a sujeira ou requeira elogios à turba que passa por Ribeirão? |