No uso
idiomático se pode dizer que o que é periférico é acessório, ou seja,
secundário em termos da centralidade de algo mais valioso, importante ou útil.
Nem sempre, é verdade, como poderá me advertir o nobre leitor e com razão; e posso
exemplificar usando como parâmetro o computador que ora uso para lhes redigir
essas linhas, no computador o teclado que me permite redigir, é um acessório,
assim como o mouse, ou rato como acertadamente nomeiam os portugueses, contudo,
não são menos importantes que a central de processamento ou o monitor, pois,
sem esses “periféricos”, seria inviável, ao menos no atual grau de desenvolvimento
tele cinético dessa que vos escreve, redigir um texto.
Há, é verdade,
outras coisas periféricas que são dispensáveis, exemplo disso é o vidro elétrico
no automóvel, ou o ar-condicionado, cujas ausências não alteram ou impedem o
uso do veículo. Vale lembrar que esses acessórios, ou periféricos, em geral são
substancialmente mais baratos que o produto principal (grifo intencional).
O leitor menos
afeito a me ler pode se perguntar, talvez com certa indignação, o que tem a ver
esse jogo de palavrar com o nosso querido, idolatrado e salve-save Ferrorama.
Aguardem um pouco mais!
Foi publicado
num site da gringa (https://bit.ly/2YZiQKs)
que o Ferrorama será transferido à inciativa privada já em setembro desse ano.
Será?
Pois bem, no
distinto e isento texto, o jornalista destrinça detalhes da PPP (Parceria
Público Privada), e canta as loas publicizadas pelo Estado Bandeirante para
vender a negociata. Se não bastasse o suposto investimento de 3 bilhões de
Reais exigidos como contrapartida do investidor da privada só se fala em
aumento de embarques e deixa subentendido o quanto isso será lucrativo para o
investidor. Será que o contrato prevê garantia de lucro?
Do contrário a
contrapartida corre riscos. Sabemos que empresário não é bonzinho, não está
necessariamente preocupado com as pessoas, ou seja, seu foco é dinheiro e, se não
der o retorno esperado como é que o Estado leniente irá fazer valer o contrato?
Ficaria até amanhã
levantando questionamentos, mas isso só extensa o post e adia a conclusão inevitável.
Gente não tem valor, o ChuPeTreM das Líbias do Oeste que virou uma Surubacana
não está sendo melhorado para qualificar a vida ou a experiência do passageiro,
foi modernizado, ou seja, sofreu uma injeção de recursos públicos para se
tornar atraente para os investidores da privada. Trabalhadores, ansiosos pelo
temor do desemprego serão os últimos a ser avisados e a periferia, ou subúrbio como
escrito no texto da gringa, pobre em serviços, tem apenas que contribuir com o
incremento de arrecadação através do uso do transporte, não importa, senão,
para isso.
O que é principal, central e elitista tem valor; periférico, acessório e suburbano é substituível, logo, descartável.
Só não se pode
esperar que seja crível que a experiência Bandeirante será melhor que a experiência
Guanabara. Aqui, como lá, gente é periférica, acessória, e não essencial para
rodar a máquina, mas rica em migalhas que ao ser recolhidas, ou exploradas,
geram somas vultosas para alegrar investidores de merda.
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