Hoje, 14 de
Junho de 2019, a República das Bananas acordou como sempre, mas dificilmente
algum “bananeiro” despertou indiferente à Greve Geral planejada há mais de um
mês. A verdade, entretanto, é que a vida começou nessa sexta-feira como ocorre
na maioria dos dias, aparentemente em paz na maior parte das cidades brasileiras.
Há,
entretanto, um dia incomum nas grandes cidades, nelas o transporte, senão
totalmente, em grande parte parou, bancos estão fechados, escolas não estão funcionando
e a vida hoje transcorre diferente. Para uns é folga extra, para pessoas de
setores mais conscientes e organizados é dia de luta, exceto para aquelas
pessoas que, na sociologia do filósofo Karl Marx (1818-1883), são considerados
lumpesinato.
Apesar dos Lúmpens a luta aparece. |
Para Marx era
bem evidente, lá no início do capitalismo, período em que os artesãos perdem o
controle da produção e essa passa a ser feita em maior escala, que havia já no
século XIX setores da sociedade que não ascendiam à luta de classes, isto é,
não compreendiam o processo político e histórico da vida em sociedade e o
quanto há de desigualdade econômica nas diversas nações, outrora em função da
separação entre plebe e nobreza e, desde as revoluções industrial e francesa,
entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores assalariados, estes últimos
donos, apenas, da própria força de trabalho, ou seja, do uso do corpo e de seu
aluguel através de empregos para conseguir dinheiro.
Nessa segunda
classe, o chamado proletariado, isto é, a camada social que vive de salário, em
todos os lugares conhecidos a camada social numericamente maior, duas
categorias vão se mostrar antagônicas no teatro de operações do capital. De um
lado setores mais desenvolvidos intelectualmente, entenderão melhor o processo
político e a organização da sociedade tendo por base o enriquecimento de uns poucos
através da exploração da maioria e, de outro, uma subcategoria, um segmento
dessa classe, em geral formada por miseráveis, prostitutas e marginais, que o
filósofo denominou como lumpemproletariado.
Essa categoria ficaria, segundo a teoria
marxista, abaixo do proletariado. Nesse grupo estariam a miséria material e também
uma parcela expressiva da população assalariada desprovida de consciência política,
portanto, suscetíveis de servir aos interesses do proletariado. Em tradução ao
pé da letra significa os lúmpens seriam os “homens trapo”, e podemos considerar
esse grupo como pernicioso, pois seu cinismo e sua falta de valores respondem
pelo atraso social ao promover a divisão das classes laboriosas, isto é, em detrimento
dos interesses coletivos visam manter suas migalhas e assim perpetuam a
dominação, são homens trapo que não desejam sequer ascender a uma vida melhor.
Dito tudo isso
podemos por ora lamentar o quanto essa categoria; o lumpesinato fura-greve,
presente em todos os sistemas capitalistas, se multiplica como ratos em terras
bananeiras. No país de maior desigualdade social e de distribuição de renda, o
lumpemproletariado trabalha contra o estado de bem-estar social furando greves
e se arvorando em bravatas falaciosas e estúpidas que sossegam apenas sua consciência
medíocre, senão dormente. Escravos livres, agrilhoados em sua covardia; nisso
reside a contradição, senão de todas, dessa democracia.
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