Não nos param... |
A imprensa
noticiou no meio da semana passada a morte de uma senhora de 63 anos por
Covid-19 ontem no Rio de Janeiro (https://is.gd/q0sL07). Empregada doméstica,
ela teve contato com a patroa que chegara da Itália e tinha resultado positivo
para a nova doença. Não podemos afirmar, mas chama atenção que a empregada,
devido estar enquadrada no Grupo de Risco, não tenha sido liberada de trabalhar
em função da preservação de sua saúde e, como mais tarde se mostraria concreto,
em função da preservação de sua vida.
A demora do
governo do Bozo, responsável pelo Estado e pelo contingente populacional do
país em suspender os transportes custará caro em vidas. Mas, ao que parece, não
lhe causa espécie o preço a pagar, pois, seu compromisso, assim como da maioria
dos neoliberais eleitos, é o lucro da iniciativa privada.
A exemplo do
que já se viu na China, foco inicial dessa doença, e depois na Europa,
especialmente na Itália; o ineditismo desse vírus para as equipes profissionais
e para as defesas naturais do corpo humano tornam inviável a manutenção da vida
normal, pois, o vírus, tem o potencial de acelerar processos mortais,
particularmente entre pessoas cuja condição médica seja debilitada por outras
doenças. Será que há dificuldade em fazer uma transposição simples dos efeitos
desse vírus em nossas terras?
O que matará
muitas das vítimas do Covid-19 em nossas terras não será o vírus, mas a
mesquinharia da burguesia que não renuncia ao lucro, mesmo diante da morte;
mesmo à beira de uma ataque coletivo de pânico diante de uma situação quase
apocalíptica, posto que se verifica uma crise sem precedentes no orbe terrestre.
Além disso, após a crise política da qual o país não se recuperou, o
compromisso adotado pelo Estado Brasileiro foi honrar a dívida com banqueiros,
tanto tupiniquins quanto do exterior, às custas da redução de investimentos em
saúde, infraestrutura, moradia e saneamento a uma população historicamente
precarizada e excluída de direitos básicos como moradia, alimentação e
educação.
A comiseração
das pseudo autoridades, a esta que lhes redige, não ilude. Adiam, não apenas em
parar ChuPeTreMs e ônibus, portos e aeroportos, mas em restringir a circulação
da classe operária por considerar desimportante a vida desses, em consequência
os velhos, que oneram na visão dos burgueses os gastos de previdência, e podem
ser contaminados pelas pessoas da família em idade economicamente ativa que
precisam continuar a trabalhar. Esquecem-se, e isso é fato, que a burguesia é
quem mais pode morrer, posto que os mais ricos são agora também os mais velhos,
afinal duram muito devido a boa alimentação e acesso a médicos.
querem nos matar!? |
Nesse período
em que tende a ser mais terrível para os mais pobres, a classe operária e os
eternos desempregados do Brasil, fica evidente a incompetência de direita e
esquerda, ambos roubam, mas nenhum fez de fato o trabalho de dar cidadania ao
povo. E os socialistas, ou supostos socialistas, não alcançaram sucesso em
dialogar e preparar a população, afinal é inequívoca a diferença das
dificuldades que enfrentarão de acordo com a posição ocupada por cada um na
luta de classes.
Mesmo que o
Corona derrubasse o capitalismo não aproveitariam em nada para fazer a sonhada
revolução.
Resta por fim
reiterar uma frase de Nelson Rodrigues, atribuída ao jornalista Otto Lara
Resende: “o mineiro só é solidário no câncer”. Solidário não por piedade, nem
empatia, mas generoso na exata medida em que se regozija que a morte não seja a
própria, mas do outro.
Essa pandemia
diz mais sobre nós, enquanto nação, do que do vírus, propriamente dito.
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