Nelson
Rodrigues, o célebre dramaturgo brasileiro dos anos 60 e 70, imortalizado por
peças e crônicas, dizia que a “toda unanimidade é burra” e que “quem pensa com
a unanimidade não precisa pensar”. Dito isso é natural a conclusão de que a
própria democracia é burra, pois em tese, ela é expressão da opinião de uma
maioria que, não necessariamente, sabe o que está fazendo
Oportuno se faz
elucidar que, na opinião desse que vos escreve, a democracia é determinada pela
maioria apenas e até a página dois, afinal, é inequívoco que há mecanismos que
formam a opinião das massas. Seja a imprensa, as instituições religiosas, ou
grupos empresariais, como vimos na eleição presidencial o velho da Ha...
pagando Fake News no WhatsApp para formar a opinião do eleitorado, os votos não
são tão isentos e motivados por uma compreensão ético-política da realidade.
Não percamos tempo questionando se a democracia é o melhor, ou o pior sistema
de governo, mas é inevitável reconhecer que tem, também a democracia, defeitos;
e o principal é permitir que a maioria, burra ou manipulada, eleja
administradores que gerenciam mal ou que usam o cargo para atender interesses
outros que não os republicanos.
Fato é que o
acordo, ou pacto com Supremo, com tudo; como o que foi feito para promover o
impeachment da ex-presidenta Dilma, não é novidade na história do Brasil, antes,
é característico. Houve pacto entre D. Pedro I e D. João VI para que ocorresse
a independência, de quebra o Brasil assumiu a dívida externa portuguesa com a Inglaterra.
Houve acordo entre liberais e comerciantes com os militares para derrubar o
império, também havia pacto entre mineiros e paulistas no início da história
republicana, quem não se lembra da chamada república do café-com-leite?
Em 1930, um
acordo golpista levou Getúlio à chefia da então chamada nova república, o
resultado da eleição foi desrespeitado e o presidente eleito, então governador
paulista Júlio Prestes, exilado. Novo acordo de elites pôs fim a ditadura de Vargas
em 1945, mas a tensão se reinstalou com sua eleição ao Catete em 1950, e
culminou com novo acordo de golpe, desta vez elites e militares, amparados por pseudo
técnicos civis implantaram uma sangrenta ditadura que, para variar, só
terminaria nos anos 80, não por ser vencida, mas por haver saído de cena em
novo acordão, com tudo.
No seio da
democracia, que mal e porcamente se mantém, estamos vivendo o resultado do último
acordo. Os donos do capital nacional, atrelados a interesses estrangeiros e
frios o bastante para matar o povo brasileiro se necessário em benefício do lucro,
por falta de alternativa, levara ao poder um sujeitinho que corporifica a
burrice e a estupidez da maioria. O homem comum finalmente chegou ao poder,
inepto e manipulável por interesses escusos, embora sempre ligados ao ganho do
capital, seja da colônia ou da metrópole, Bolsonaro deu sentimento de dignidade
ao ignorante, elevou a autoestima de imbecis, machistas, racistas e toda sorte
de idiotas cujo comportamento podemos qualificar como antissocial, valoriza
diuturnamente a estupidez e se cercou de incompetentes, canalhas e vigaristas
aos quais de cargo.
O estúpido elevado a chefe. Igual aos da ChuPeTreM. |
Deu no que deu
diante de uma calamidade. O homem comum, estupidificado pelas condições
materiais e sujeito à manipulação ideológica se fez representar, mas agora vê
seu mito sofrer um processo de esfacelamento em plataforma pública diante de
uma crise mundial em que o lucro, e não as pessoas, é o mais importante.
Não nos
iludamos, o governo Doriana não é diferente, apenas está usando a crise para
fazer palanque, pois apela para o espírito de civismo e responsabilidade dos
servidores da saúde, segurança pública e transportes, mas não teve a mesma
consideração quando mandou sua tropa de lacaios agredir pela ocasião da votação
da reforma da previdência estadual ou quando há reivindicação salarial. São
Paulo abra o olho, pois o pior da crise está por vir, será depois da crise
quando a sede financeira cegar a iniciativa privada e seus lacaios elevados a
cargos públicos pelos burros eleitores médios que elevaram um suíno à condição
de presidente.
Ambos eleitos
pela maioria burra do Brasil, a mesma que elegeu Lula, e que por um tempo deu
certo, mas não exerceu o trabalho mais importante da democracia: Fiscalizar.
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